O PADRÃO BÍBLICO PARA A FAMÍLIA

O PADRÃO BÍBLICO PARA A FAMÍLIA
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sexta-feira, 15 de maio de 2009

O CORVO


O CORVO QUE PAVONEOU COM A PLUMAGEM ALHEIA

Lourildo Costa

Quem não conhece a diferença que caracteriza e distingue o corvo de outras aves? Trata-se de animal vertebrado de corpo coberto de penas negras, pássaro de rapina, caracterizado por possuir bico curto, recurvado e unhas fortes.

A Bíblia fala de Noé que, no fim de quarenta dias após o término do dilúvio, abriu a janela que havia feito na barca e soltou um corvo, que ficou voando de um lado para o outro, esperando que a terra secasse. Surpreso, Noé percebera que o corvo não retornara para a arca. Certamente encontrara guarida sobre os corpos mortos que boiavam sobre as águas.

O pavão, notável por sua belíssima plumagem multicolorida, é o tipo de ave que pertence à mesma espécie das galinhas, dos perus e das perdizes.

Quando se realiza algo de beleza aparente, com o escopo de simplesmente agradar a alguém, diz-se que essa pessoa costuma “enfeitar o pavão”.

Os pavões têm, conforme a época, o costume de mudar as penas, tornando-as rejuvenescidas e mais belas.

Conta-se que o corvo, ao perceber o fenômeno, resolveu colecionar as penas caídas do corpo do pavão para se enfeitar e ficar igualzinho à ave galinácea. Assim o fez. Ornamentou-se todo com as penas de várias cores colhidas do chão, e saiu a exibir-se com vaidade. Depois da mudança, resolveu pavonear entre os pavões de verdade. Que decepção! Em vez de produzir um belíssimo efeito, como o esperado, o pobrezinho foi esfolado, humilhado, e posto a correr, para escapar com vida.

O corvo, que desejou ser como o pavão, fala dos falsos líderes que vêm disfarçados, mas por dentro jamais deixarão de ser corvos carnívoros. São pessoas que vivem de extorsões. Elas serão conhecidas pelas suas obras. Somente as árvores boas darão bons frutos. A árvore que não presta só pode dar frutos ruins. Toda árvore que não produzir frutos bons será também esfolada e cortada. Portanto, cuidado! Vocês conhecerão os falsos líderes pelo que eles fazem.

O corvo que não quis ser corvo, também não chegou a ser pavão. Conseguiu apenas o desprezo de todos.


O BONECO DA CRIAÇÃO

Lourildo Costa

Dr. Gladisthonne sempre foi uma pessoa de suma importância para o corpo social de sua época. Elemento de larga influência na comunidade e de constante presença em eventos e reuniões da socialite. Seus negócios ocupavam a primazia do seu viver e raramente reservava um tempinho para a família. Seu casal de filhos crescia tão rapidamente que o Dr. Gladisthonne mal percebia o desenvolvimento deles.

- “Minha vida é uma carreira interminável, um cavalgamento, uma concorrida escalada...” – pensava, às vezes, estupefato.

Reservava pouco tempo para os prazeres da vida e quase nada se alegrava com a sua mulher, a moça com quem havia se casado, apesar de bonita e graciosa como uma gazela.

Homem culto, colecionador de muitos diplomas, levava uma vida acadêmica com o seu inglês fluente. Ocupado demais com os problemas de sua empresa, fazia das tripas o coração para a sobrevivência da mesma. Mantinha o controle da qualidade total e os seus clientes eram quem ditavam as normas.

Certo dia, chegara fatigado de uma longa reunião com o pessoal do governo. Seus filhos e mulher dormitavam no sofá, aguardando sua chegada. Abriu a porta devagar, afrouxou o nó da gravata, desabotoou a camisa de seda, desafivelou a calça impecavelmente vincada, beijou mulher e filhos, sem dizer palavras, e foi deitar-se para dormir um pesado sono.

Alta madrugada. Dr. Gladisthonne balbuciava palavras inentendidas, pois parecia estar devaneando. Sonhou que atravessara um lindo jardim oriental, de flora e fauna aconchegantes aos olhos. Viu muitas árvores lindas e frutíferas, de todos os tipos, que cresceram à beira de um riacho, cujas águas cor de prata regavam o chão. Dr. Gladisthonne viu que as frutas eram boas de se comer e caminhava por entre as árvores do jardim, de paletó e gravata, porém, com os pés no chão. Ao Norte, do pico de um monte, nascia um rio viscoso, cujo elemento transformava-se em argila. Dr. Gladisthonne abaixou-se e encheu as mãos daquela pasta terrígena.

- “Agora vou fazer um ser semelhante a mim, que se parecerá comigo e que terá muitos poderes. Sua influência será conhecida em toda a Terra e o seu domínio será sobre as nações”.

Então, da argila do rio, Dr. Gladisthonne começou a formar o boneco que imitava a criação. O barro, pastoso e frio, sujou-lhe as mãos e os pés descalços. Modelava-o, fazendo a cabeça, o tronco e os membros. Depois de tudo pronto, abriria a maleta de executivo e sopraria no nariz do boneco a respiração da ciência, e assim esse ser se tornaria num robô inteligente. Se desse certo, seria capaz de elaborar a clonagem de outros bonecos científicos que a própria ciência se encarregaria de explicar o milagre daquela criação.

Terminada a obra, Dr. Gladisthone fixou o olhar para o boneco que ele havia formado e antes que introduzisse em suas narinas o assopro da ciência, de repente ouviu um estrondo que vinha do céu, e uma luz brilhou em volta dele. Ele caiu no chão e ouviu uma voz que dizia:

- “Não faça imagens de nenhuma coisa, pois não há outros deuses e entendidos diante de mim. Não farás para ti semelhanças à minha criação, nem do que há lá em cima no céu, ou aqui embaixo na terra ou nas águas debaixo da terra. Eu, o Eterno, sou o seu Deus e não tolero outros deuses. Eu castigo aqueles que me odeiam, até os netos e bisnetos. Porém sou bondoso com aqueles que me amam e obedecem aos meus mandamentos e abençôo os seus descendentes por milhares de gerações”.

Dr. Gladisthonne ergueu a cabeça, aturdido, passando as mãos argilóides sobre os olhos embaçados pela claridade, sem poder divisar coisa alguma. Pôde sentir a presença poderosa do Eterno. Enquanto observava, ouviu um barulho. Eram os membros do boneco de barro que se soltavam uns dos outros, cada um saindo do seu próprio lugar e se esfarelando todo. Enquanto o Dr. Gladisthonne fixava o olhar sobre o boneco que se esmiuçava, toda a argila se decompunha em tenuíssimas partículas de terra seca e não foi possível introduzir a respiração da ciência naquele corpo em pó.

Ao amanhecer, acordados, mulher e filhos, foram encontrar o Dr. Gladisthonne estendido no corredor da parte inferior da casa. Durante o sonho, sem que percebessem, o sonambúlico Gladisthonne havia rolado escadas abaixo e lá permanecido até ao raiar de um novo dia.


O AUTOMÓVEL: MÁQUINA INVASIVA

Lourildo Costa

O automóvel converteu-se em objeto imprescindível para a sociedade moderna. Principalmente nas grandes cidades, do ramo industrial, onde todos correm, porque o tempo vale ouro. A correria para escalar o pico do progresso, obriga a uma locomoção cada vez mais rápida. Em conseqüência, o automóvel vem se tornando uma máquina perigosíssima, já que o desvario pela pujança do poder e a luta pela sobrevivência leva o homem a ter atitudes maquinais.

O automóvel, muitas das vezes, tem sido um objeto de evasão para os problemas hodiernos. Quanto mais se acelera, maior é o roncar do motor dessa máquina alucinante. Veículo locomotor invasivo. As cidades estão abarrotadas deles. Seus ruídos atordoam. No trânsito, provocam engarrafamento e enfurnam as pessoas. As paisagens da estação primaveril foram adulteradas pelo sol escaldante, possivelmente devido à poluição atmosférica, ocasionando o buraco-de-ozônio. A natureza e os seres humanos passam a reagir com maquinalidade. Centenas de pessoas, todos os dias, vão de encontro ao fim da vida, juntamente com suas máquinas mortíferas. São inúmeros, os acidentes automobilísticos.

Tem-se falado muito da poluição hídrica e poucos param para pensar a respeito do envenenamento atmosférico, ocasionado pela combustão desses motores, cujo produto é o gás monóxido de carbono. Toneladas de gases são lançados à atmosfera, diariamente, fazendo chover chuva ácida sobre nossas cabeças.

Essas máquinas roncam e correm, dando uma falsa idéia de posse, de status e de segurança. O outrora pedestre, agora, detentor do controle de um mecanismo possante, sai desabalado em busca do infinito. As cidades são um acúmulo de máquinas que se enfileiram pelas avenidas, abreviando a vida.

Enquanto escrevo, ouço um barulho lá fora. Levanto-me do local onde estou e ergo o meu olhar em direção à rumorosa agitação. Levo uma baforada de fumaça negra na face e retorno para o meu cantinho de reflexão. Os autos passam sobressaltados, sem pedir licença, invadem o nosso mundo, reprogramam nossa vida e vão embora.

Os automóveis são rudes, transtornam o bom viver e deixam os homens hostis. A siderúrgica apita a sirena do progresso. Os autos elevam um clamor ao céu como um grande búzio. As pessoas alinham-se numa lenta afluência do trânsito. Tráfego compassado... manifestação coletiva ruidosa. Ah!, O automóvel – essa máquina invasiva que produz rumor.

ABORTO NÃO!


O ABORTO E A BÍBLIA.

Lourildo Costa.

“Quando Isabel ouviu a saudação de Maria, a criança se mexeu na barriga dela...” – (Lucas 1. 41).

A Bíblia refere-se, neste texto, a João Batista ainda nascituro no ventre de Isabel, sua mãe. O mesmo capítulo afirma que aquele bebê gerado e que ainda não havia nascido seria um grande homem, pois, desde o nascimento, a plenitude do Espírito Santo estaria sobre ele. (Lucas 1. 15).

A Lei Mosaica preceituava sansões acerca da violência, cujo castigo variava de acordo com o ato ilícito praticado pelo agente. Dependendo do crime levado a efeito, a pena era de morte. Dentre tantos castigos prescritos pela norma jurídica, uma delas era de que, se uma mulher grávida fosse ferida e como conseqüência do ato de violência exercido contra ela o nascituro morresse, o criminoso seria obrigado a pagar o que o marido da mulher ofendida viesse a exigir, conforme a sentença proferida pelos juízes. (Êxodo 21. 22).

A Bíblia também relata sobre a gravidez de Rebeca, mulher de Isaque. Em seu ventre foram gerados gêmeos que se empurravam ainda dentro do útero. (Gênesis 25. 22).

O escritor do livro de Jó descreveu que se sua mãe tivesse tido um aborto, às escondidas, ele simplesmente não teria existido e seria como as crianças que nunca viram a luz do dia. (Jó 3. 16).

Com isso tudo exposto, podemos concluir que Deus não faz diferença entre uma criança gerada no ventre de sua mãe e que está para nascer, em qualquer que seja o seu estágio de desenvolvimento, e uma criança rescém-nascida. Desde a concepção, a Bíblia Sagrada defende a continuidade da vida até a sua fase adulta.

O Código Civil Brasileiro, em seu art. 2º, prescreve que “ a personalidade civil da pessoa começa com o nascimento com vida; mas a lei impõe a salvo, desde a concepção, os direitos do nascituro.”

E ainda, o próprio Deus doador da vida relaciona-se com as pessoas desde a sua formação no útero materno. O salmista descreveu o processo da geração humana dizendo que Deus é quem cria cada membro do corpo físico, desde a barriga da mãe. É o próprio Deus quem acompanha o desenvolvimento dos ossos, quando o feto está sendo formado, crescendo imerso na placenta, em segredo. Deus avista a frágil criaturinha, antes mesmo de ter nascido; pois Ele já havia determinado os anos de vida, quando ainda nem os minutos existiam. (Salmos 139. 13 a 16).

O salmista foi capaz de descrever a si mesmo, enquanto se desenvolvia no ventre de sua mãe, enfatizando o cuidado divino para com a vida humana, desde a concepção, durante a primeira parte de seu estado embrionário como um simples segmento de células, ou seja, desde a nidação até os primeiros dias de vida; isto é, o estado antes do feto estar fisicamente formado, quando ainda permanece numa minúscula célula humana, em seu estado informe. Deus se importa com esse ser vivo, e por isso começa a moldá-lo a partir da sua gestação.

O autor do livro de Jó afirmou que as mãos de Deus o fizeram e lhe deram forma, criando seu corpo, os ossos e nervos, cobrindo-os com carne. (Jó 10. 8, 11).

A Palavra de Deus também afirma que Jeremias foi escolhido e separado para ser profeta antes do seu nascimento, quando ele ainda estava na barriga de sua mãe. (Jeremias 1. 5).

O apóstolo Paulo escreveu que Deus o havia escolhido antes mesmo do seu nascimento, chamando-o para servi-lo na obra de evangelização dos povos. (Gálatas 1. 15).

Da mesma forma, o profeta Isaías disse que se encontrava na barriga de sua mãe – ele nem havia nascido – quando Deus o escolhera, chamando-o pelo seu nome. (Isaías 49. 1).

Isso reforça nossa tese de que Deus enxerga a pessoa humana, mesmo se encontrando no ventre materno, antes do nascimento. O embrião gerado no útero não é qualquer coisa que possa ser descartado como um objeto inanimado qualquer. A partir do momento de concepção, torna-se uma pessoa humana. A vida pertence a Deus. É Ele quem a dá e somente Ele tem poder para tirá-la. Não nós. Por que lutar pela defesa do aborto, se todos os seres humanos pertencem a Deus?

Não existe descontinuidade entre o ser pré-natal e o pós-natal. A começar do momento da concepção, o nascituro tem consciência de si mesmo como pessoa. A contar do início de tudo, Deus já o conhecia e o amava.

O aborto é coisa monstruosa. Interromper o curso de uma vida, expulsando o feto em parto fora de tempo, faz parte de um dos milhares de projetos diabólicos. Foi por isso que Satanás lutou para impedir o nascimento de Jesus.

O presidente Luís Inácio Lula da Silva nasceu na pobreza do agreste brasileiro. Passou fome e teve falta de tudo. Já imaginaram se tivesse sido abortado?...


NAMORO E CASAMENTO DO JOVEM CRISTÃO

Lourildo Costa

Dando continuidade ao assunto publicado na edição do mês anterior, ocasião em que dissertamos sobre os perigos do flerte, estaremos discorrendo, neste ensejo, sobre a aprovação divina para o namoro e o casamento cristão.

Todo o jovem crente em Jesus, quando enamorado de alguém, deve preocupar-se em saber se o seu relacionamento está de acordo com a vontade de Deus.

A Carta do apóstolo Paulo aos Coríntios[1] afirma que a mulher é “livre para se casar com quem quiser. Mas deve ser um casamento cristão”.

Um matrimônio feliz deve estar alicerçado no verdadeiro amor. Paulo havia estabelecido esse conceito de forma bem clara em sua mente. Escreveu, ainda aos Coríntios,[2] falando da necessidade da existência do amor. Assim disse: “Poderia dar tudo o que tenho e até entregar o meu corpo para ser queimado; mas, se não tivesse amor, isso não me adiantaria nada”. É preciso que exista amor entre o casal e não paixão.

Quando ambos adquirirem, através do namoro sadio, maturidade necessária para assumirem o compromisso inerente ao casamento, com isso, deverão obedecer a seguinte ordem divina: “Não é bom que o homem viva sozinho. Vou fazer para ele alguém que o ajude como se fosse a sua outra metade”.[3]

Diante de tanta licenciosidade existente no mundo, o casamento, quando realizado segundo os preceitos do Senhor, ajudará a preservar a pureza moral da família que é o esteio da sociedade. Paulo escreveu: “Porém, porque existe tanta imoralidade, cada homem deve ter a sua própria esposa, e cada mulher, o seu próprio marido”.[4]

Quando o jovem cristão dá ouvidos aos ensinamentos do Senhor e vive em harmonia com o Deus Criador, ele será capaz de estabelecer um lar onde reinará a plena felicidade. O próprio Deus afirmou: “Pó isso o homem deixa o seu pai e a sua mãe para se unir à sua mulher e os dois se tornam uma só pessoa”.[5]

No próximo mês, estaremos falando sobre o sexo, segundo o planejamento divino. Até lá!


[1] I Co. 7. 39

[2] I Co. 13. 3

[3] Gn. 2. 18

[4] I Co. 7. 2

[5] Mt. 19. 5

NADA HÁ NOVO, DEBAIXO DO SOL

Lourildo Costa

Em Eclesiastes, livro da Bíblia Sagrada, encontra registros a respeito da vida humana, com a sua falta de justiça e desapontamentos: “Tudo é ilusão!” – concluiu o sábio.

Lendo os jornais hodiernos, também deduzimos que, ainda hoje, não nos livramos, no entanto, dos resultados da crise que assola o nosso país, contrário ao que todos esperavam. Além da consequência desmoralizante que ela teve sobre o governo Lula e os políticos de Brasília, praticamente malogrou-se o ano em curso e com dificuldades entraremos no próximo, que é ano eleitoral. Os poderes da União permanecem paralisados, pois já vinham se mantendo retroagidos em várias áreas vitais. A paralisia das reformas necessárias e a falta de eficiência da administração pública exigirão em troca o seu preço.

Temos convivido com as CPIs dos Correios, dos Bingos e do mensalão; cogita-se abertamente uma nova CPI para o Caixa Dois, para apurar o itinerário da roubalheira, marca do grande escândalo do governo do presidente Lula e que arruinou o Partido dos Trabalhadores.

Lembrei-me de uma conversa, flagrada durante uma viagem, em um ônibus, em setembro do ano de 1978. Dois idosos conversavam, despreocupadamente, enquanto os demais passageiros mantinham-se em silêncio.

- Pois é, na década de 40, comi o pão que o diabo amassou...

- E agora está aí o preço de uma guerra: Tudo caro, custando o olho da cara!

- Sei não. A ARENA vai cortar uma volta nas próximas eleições. Mesmo os políticos da direita buscando minhoca no asfalto, os eleitores vão descarregar seus votos na turma do MDB!

- A indignação é tanta que a população deseja mudanças drásticas: voto direto para presidente, maior democracia, liberdade de expressão – transformações da noite para o dia!

- É, mas o povo brasileiro, como disse o Pelé, não está preparado para votar corretamente.

Não fosse a entrada de um bêbado no ônibus, o diálogo entre os idosos teria prosseguido. O jovem recém-chegado pronunciava palavras características de um nordestino. Dizia coisas aos brados, de maneira cantarolante e desvairada. Seus cabelos tinham uma cor encarvoada, encarapinhados e sujos. Em um dos braços, trazia uma trouxinha com quinquilharias. Na outra mão, uma coberta maltrapilha. O ébrio atravessou a roleta, cantando uma canção triste e improvisada, cujo tema versava sobre amores e ciúmes. Executava um trecho musical com a voz e, em seguida, gritava:

- He lugar! He lugar!!

Ao meu lado, uma senhorita, exasperada, deixou de lado sua leitura. Notei que outras mulheres experimentavam certo temor. Alguns estudantes passaram a sorrir da situação.

O indivíduo embriagado exprimia seus sentimentos, por meio do canto. Estonteado, tentava equilibrar-se, num movimento oscilatório, tropeçando-se entre os passageiros.

- He lugar! He lugar!! – Emitia um som triste, pejado de saudades de um passado mui distante. Seus olhos pareciam carregados de sofrimento.

- He lugar! He lugar!!

A certa altura da viagem, o motorista encostou o veículo, dirigiu-se para o homem alcoolizado, ameaçou colocá-lo para fora do ônibus, caso não se calasse.

- Eu só ‘tô cantando, meu Jesus!

- Você quer descer ou ficar quieto?

- ‘Tá bem, meu Jesus! - he lugar! he lugar!!

O rapaz aquietou-se, porém, ainda sussurrava a música. Quase no fim da viagem, o viandante desceu e em passos largos e trôpegos desapareceu tragado pela boca da noite.

A jovem, ao meu lado, retornou seus olhos à leitura e não mais se ouvia os idosos falando sobre política. Muitos já haviam descido.

Alguns dias depois desse episódio, encontrei o mesmo indivíduo, no centro da cidade, estendido ao comprido, exibindo uma grande ferida provocada em sua perna que sangrava:

- ‘Smola, por favor! ‘Smola!...

- He lugar! He lugar!!

Lembrei-me dos apóstolos Pedro e João, quando foram ao templo para a hora da oração, encontrando, próximo ao Portão Formoso, um homem coxo de nascença e que tinha por hábito pedir esmolas às pessoas que entravam no pátio daquele edifício público destinado ao culto religioso.

Ainda hoje, milhares de anos depois, a história se repete. O que aconteceu antes virá a acontecer outras vezes. As coisas realizadas antes, serão realizadas novamente. Os pobres, o sofrimento, a corrupção, a demagogia, sempre teremos em nosso meio. Não há nada de novo neste mundo!


MARIA INÊS

Lourildo Costa

A velha Maria Inês havia ultrapassado os seus noventa anos de canseira e aflições. Não sentia mais prazer na vida, pois a luz do sol, da lua e das estrelas havia perdido o seu brilho. Seus braços permaneciam trêmulos e suas pernas estavam fracas. Seus dentes já haviam caídos e mal conseguia mastigar a sua comida. Suas vistas ficaram turvas e Maria Inês não podia ver as coisas claramente. Mesmo com a espinha dorsal corcovada, a velha mantinha sua popularidade na circunvizinhança, pois era hábil contadora de histórias.

A criançada rodeava-a todas as tardes, e, com os olhos fixos nela, exibia uma cara cheia de espanto ao ouvir as patranhas antigas.

Maria Inês relembrava de muitos fatos ocorridos na história da humanidade. Algumas lembranças tristes levavam-na a abanar a cabeça em sinal de desaprovação. Parecia que as nuvens de chuva nunca iriam embora.

Certa ocasião, após assistir ao Jornal Nacional, todos notaram a brusca mudança do semblante da velha Maria Inês. Demonstrava-se bastante preocupada, acocorada junto ao canteiro do alpendre.

- Por que a senhora está tão acabrunhada, vó Inês? – interrogou-lhe Theodorico.

- Por momentos, perde-se o gosto pelas coisas, meu guri. Acabei de assistir ao Jornal Nacional que relatou o quadro triste em que vive a menina cujo nome também é Maria Inês. Coitadinha... Apenas cinco anos e tanto sofrimento! Sempre achei que as crianças nunca deveriam sofrer.

- Maria Inês, vó?!! – gritaram todos, em uníssono.

- Sim. Maria Inês, a menina que veio do Acre para São Paulo, a fim de ser medicada pelo doutor Zerbini.

- De que sofre a menina, vó Inês?

- Trata-se de uma doença incurável que ainda desafia a medicina. Coitadinha!...Apenas cinco anos e tanto sofrimento! Sofre de uma doença cardiovascular congênita.

- O que significa isso, vó Inês?

- Minha irmã primogênita morreu desse mal. Chamava-se também Maria Inês. Seis anos depois de sua morte eu nasci e meu pai colocou-me o mesmo nome.

A velha abanava a cabeça e voltava a tagarelar:

- O coração de quem sofre desse mal, meus guris, vai aumentando de volume e a veia arterial vai apertando, apertando...

- Vamos mudar de assunto, vó Inês. Não fale de coisas tão tristonhas. Conte-nos outra história.

- A outra história que eu tenho para contar, meus guris, também é uma narração muito triste: “Depois que o Deus Eterno plantou um jardim na região do Éden, colocou ali o homem que Ele havia formado. No meio do jardim ficava a árvore que trazia conhecimento do bem e do mal. E o Deus Eterno deu ao homem a seguinte ordem: - Não coma da fruta da árvore que traz conhecimento do bem e do mal, porque no dia em que você a comer, certamente morrerá”.

A mulher do homem Adão “viu que a árvore era bonita e que as suas frutas eram boas de se comer e que seria bom que ela e o marido adquirissem conhecimento”. Foi aí que entrou a doença no mundo, meus guris. O orgulho faz o coração das pessoas aumentar de volume e as leva a pensarem que serão como Deus, conhecendo o bem e o mal. “A mulher apanhou uma fruta e comeu; e deu ao seu marido, e ele também comeu. Foi então que ouviram a voz do Deus Eterno e esconderam dele”. Esse foi o começo da desarmonia entre os seres viventes: o homem acusou a sua mulher que, por sua vez, disse ter sido enganada pela cobra.

Dezenas de olhos esbugalhados miravam a velha Maria Inês e todos mantinham a mesma cara cheia de espanto ao ouvirem a mais antiga de todas as histórias.

- Em conseqüência, meus guris, “a terra ficou maldita e os homens passaram a trabalhar duramente a vida inteira a fim de que a terra produzisse alimentos suficientes”.

- Já entendi, vó Inês, desse episódio surgiu a guerra entre as pessoas, não é verdade?

- É por aí, meu guri. Adão e Eva tiveram filhos. Um deles, chamado Caim, certa vez “ficou muito furioso com o seu irmão Abel e fechou a cara para ele, carrancudo e com raiva. Levando-o para o campo, atacou o seu irmão e o matou”.

- Que catástrofe, vó Inês!

- Considero esse fato, meus guris, como a doença que atacou minha irmã e agora ataca a menina Maria Inês. O coração das pessoas que não fazem o que é certo vai aumentando de volume e a veia artéria vai apertando, apertando... Por isso o pecado está à porta da humanidade, à sua espera. Se todos fizessem o que é correto, estaríamos todos sorrindo! O mal insiste em dominar a raça humana, mas precisamos vencê-lo. Coitadinha da menina Maria Inês! Apenas cinco aninhos de idade. Veio lá do Acre para morrer aqui em São Paulo.

A velha Maria Inês mirou o olhar para o infinito, colocando as mãos sobre o seu peito, sem balbuciar nenhuma outra palavra, e caiu, de súbito, para trás. Todos a acudiram, mas já era tarde demais. A velha falecera de morte instantânea. Levaram-na rapidamente para o Pronto Socorro e o médico de plantão pôde constatar sua morte em consequência de uma fibroelastose endocardíaca, agravada por esterose da aorta.

A velha Maria Inês havia morrido por causa da alteração da musculatura do coração, que, sem irrigação sanguínea, tendia a aumentar de volume, agravando seu estado pelo estreitamento da aorta.

E foi assim que voltou para o seio da terra mais uma Maria Inês, pois da terra ela também havia sido formada.

E Maria Inês virou terra outra vez.