O AUTOMÓVEL: MÁQUINA INVASIVA
Lourildo Costa
O automóvel converteu-se em objeto imprescindível para a sociedade moderna. Principalmente nas grandes cidades, do ramo industrial, onde todos correm, porque o tempo vale ouro. A correria para escalar o pico do progresso, obriga a uma locomoção cada vez mais rápida. Em conseqüência, o automóvel vem se tornando uma máquina perigosíssima, já que o desvario pela pujança do poder e a luta pela sobrevivência leva o homem a ter atitudes maquinais.
O automóvel, muitas das vezes, tem sido um objeto de evasão para os problemas hodiernos. Quanto mais se acelera, maior é o roncar do motor dessa máquina alucinante. Veículo locomotor invasivo. As cidades estão abarrotadas deles. Seus ruídos atordoam. No trânsito, provocam engarrafamento e enfurnam as pessoas. As paisagens da estação primaveril foram adulteradas pelo sol escaldante, possivelmente devido à poluição atmosférica, ocasionando o buraco-de-ozônio. A natureza e os seres humanos passam a reagir com maquinalidade. Centenas de pessoas, todos os dias, vão de encontro ao fim da vida, juntamente com suas máquinas mortíferas. São inúmeros, os acidentes automobilísticos.
Tem-se falado muito da poluição hídrica e poucos param para pensar a respeito do envenenamento atmosférico, ocasionado pela combustão desses motores, cujo produto é o gás monóxido de carbono. Toneladas de gases são lançados à atmosfera, diariamente, fazendo chover chuva ácida sobre nossas cabeças.
Essas máquinas roncam e correm, dando uma falsa idéia de posse, de status e de segurança. O outrora pedestre, agora, detentor do controle de um mecanismo possante, sai desabalado em busca do infinito. As cidades são um acúmulo de máquinas que se enfileiram pelas avenidas, abreviando a vida.
Enquanto escrevo, ouço um barulho lá fora. Levanto-me do local onde estou e ergo o meu olhar em direção à rumorosa agitação. Levo uma baforada de fumaça negra na face e retorno para o meu cantinho de reflexão. Os autos passam sobressaltados, sem pedir licença, invadem o nosso mundo, reprogramam nossa vida e vão embora.
Os automóveis são rudes, transtornam o bom viver e deixam os homens hostis. A siderúrgica apita a sirena do progresso. Os autos elevam um clamor ao céu como um grande búzio. As pessoas alinham-se numa lenta afluência do trânsito. Tráfego compassado... manifestação coletiva ruidosa. Ah!, O automóvel – essa máquina invasiva que produz rumor.
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