TIRADENTESLOURILDO COSTATiradentes, ó Tiradentes!
Vejo-o tristonho e sem fala,
Nesta rua descalça, nesta vala...
Vejo-o tão tristonho e cabisbaixo:
Era, então, aqui embaixo
Que você estava?
Tiradentes, ó Tiradentes!
Onde estão aqueles homens
Que o levaram pelos caminhos,
Aquela forca, o poste de outrora;
Onde estão, se o vejo só, agora?
Ah! ó meu triste Tiradentes!
Onde estão os miseráveis,
Aquelas multidões, aqueles velhos,
Aquele povo tão sofrido
Com os dentes doloridos... doloridos...
E as mulheres amaldiçoadas
Que buscavam o oiro perdido?!
Ah! E os escravos sofridos, sofrendo?
E a derrama se perdendo na lama
Do rio d'ouro sem destino?...
Tiradentes, meu Tiradentes!
Vejo-o tristonho e sem fala,
Nesta rua descalça, nesta vala;
Vejo-o tão tristonho e cabisbaixo...
Por que se cala? por que não fala?
Onde está o povo que amava?
Ah! Filhos de pais famintos,
Eram os dentes enfermos e sofridos;
Sofridos e cegos pela derrama
Que à forca a todos levava...
Onde está aquele povo sofrido
Que pelos rios escuros
Iam levando o peito ferido,
Com a face suada de lágrimas,
Pois a derrama era uma lástima!
Tiradentes, ó Tiradentes!
E a véspera da sua glória,
Da evolução emocional
E da exaltação de sua vitória?!
Por que se cala? Por que não fala?
Tiradentes, ó Tiradentes!
Onde estão aqueles homens,
Nesta rua descalça, nesta vala;
Aquela forca, o poste de outrora?...
Onde estão, se o vejo só, agora?
Tiradentes, ó Tiradentes!
Vejo-o tristonho e sem fala,
Nesta rua descalça, nesta vala,
Vejo-o tão tristonho e cabisbaixo!...
Era, então, aqui embaixo que você estava?...